Preparo constante de militares e prontidão logística contribuíram no resgate de jovem indígena no Pará
Altamira (PA) - Uma mata fechada, de difícil acesso, localizada no sudoeste do Pará, a 400 km do município de Altamira. Foi nessa densa região da floresta amazônica, pertencente à Terra Indígena Kuruaya, que militares do 51º Batalhão de Infantaria de Selva (51º BIS) estiveram nos últimos dias. A missão foi o resgate de jovem indígena, de 17 anos, desaparecido desde o último dia 31 de julho.
Assim que foi acionado pelo Ministério Público Federal (MPF), o 51º BIS empregou um Grupo de Busca e Salvamento (GBS) que partiu, na última sexta-feira (11), de Altamira rumo à Aldeia Irinapane, integrante da TI Kuruaya. De lá, o trajeto seguiu por 40 minutos de voadeira pelo Rio Curuá, até chegar no local onde o indígena foi visto pela última vez.
Foram quase três dias na Operação de Busca e Salvamento até encontrar o jovem no último domingo (13), com sinais de desidratação e desnutrição. Os primeiros atendimentos foram feitos por um médico do Exército Brasileiro e o estado de saúde é estável.
O preparo dos militares foi um dos diferenciais na operação. Soldados rastreadores especialistas em ambiente de selva fizeram a busca do jovem por intermédio de patrulhas. Um Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (SARP) também auxiliou no sucesso da missão. Além do emprego da tropa do 51º BIS, a força tarefa contou com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar de Itaituba e de indígenas de comunidades locais.
“As buscam foram realizadas usando técnicas de rastreamento, demarcação de áreas e um sistema de orientação que permitiu a abertura de picadas e de locais de fácil identificação e acesso para quem percorresse a região da aldeia. O indígena foi encontrado numa região em que já havia sido feito o vasculhamento pelas equipes. Graças ao esforço de todos que se empenharam na busca, a missão foi cumprida com sucesso”, destacou o comandante do 51º BIS, Coronel Luiz Guilherme Silva.
A frente da equipe de buscas, composta por dez militares, o capitão Renato Freire destaca que o permanente estado de prontidão da tropa foi fator fundamental diante das dificuldades da mata fechada. “A gente já vinha numa crescente de adestramento e preparação desde o início de ano. A companhia que integrou esse Grupos de Busca e Salvamento é uma Companhia de Reação Rápida, então é constante a realização de operações na selva, atividades de busca, orientação, e isso fez com que a gente tivesse uma facilidade maior na escolha do pessoal e no cumprimento da missão”, afirmou.
Por se tratar de uma mata fechada, não havia acesso por estradas. O sucesso da missão também só foi possível com a prontidão logística do Destacamento de Aviação do Exército no Comando Militar do Norte (Dst Av Ex/CMN). “O Destacamento empregou uma aeronave HM4-Jaguar, que se deslocou de Belém. Fomos até Altamira e de lá, até o ponto de pouso do resgate. A tropa embarcou e conseguimos fazer a exfiltração nas melhores condições. A maior dificuldade nessas missões na Amazonia são os pontos de apoio. Lá era somente floresta virgem e a comunidade onde realizamos a exflitração. Por isso, o cálculo de combustível e a conferência da meteorologia tem que ser constantes”, explicou o piloto Capitão Schultz.
Nesta segunda-feira (14), ao retornar para Altamira no final da missão, o sentimento era de dever cumprido. “Essa integração com a etnia do Kuruaya foi de grande valia. Tivemos uma recepção calorosa e fraterna, apoio irrestrito. Essa Força-tarefa fez com que a gente conseguisse cumprir essa missão. Nós tínhamos o objetivo de entregar o indígena até o Dia dos Pais e ontem, quando vimos o pai abraçar o filho de volta, esse foi o ponto alto da nossa missão e fez com que a gente voltasse renovado, com baterias recarregadas para encontrar agora com a nossa família”, finalizou o capitão Freire.
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